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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Arqueologia Subaquática: Os Segredos Submersos de Santa Catarina

Por: Bruno Farias - Florianópolis/SC - 10/09/2007

O homem já vive em Santa Catarina há milênios. Mas além do Homem do Sambaqui e dos índios Carijós, também aconteceram diversos naufrágios no nosso litoral desde o descobrimento das Américas. Foi o que o mergulhador Gabriel Corrêa descobriu por acaso em um de seus mergulhos recreativos na praia de Naufragados, em Florianópolis-SC, em maio de 2004. Ele, sem querer, encontrou partes de uma antiga embarcação e, junto com outros pesquisadores, abriu uma ONG visando buscar verbas para poderem fazer mais descobertas.

A história nos mostra que essa região é riquíssima em naufrágios, e como confirmam também outros mergulhadores esportistas, naquela área realmente existem vários navios afundados e ainda não pesquisados. A equipe da ONG, formada pela arqueóloga Deisi, responsável pela manutenção das peças; e pesquisadores como Paulo Camargo, Gilson Rambeli e 12 mergulhadores, entre outros, continua aberta, e qualquer pessoa pode colaborar e participar gratuitamente.

BF: Gabriel, sabe-se que Naufragados era um posto de abastecimento na época, por ser uma terra rica e com água, madeira, caça e pesca abundantes. Mas os exploradores da época procuravam demarcar territórios após o Tratado de Tordesilhas, e buscavam principalmente ouro e prata. Vocês já acharam algum tesouro nessas naus afundadas?

GC: As pessoas automaticamente lembram de tesouros em ouro e prata quando lembram de naufrágios. Mas o maior tesouro que nós podemos encontrar é o conhecimento.

BF: O mergulho a partir de certa profundidade exige maior experiência e equipamentos caros. Alguém dá apoio pra vocês?

GC: Houve tentativa, sem sucesso, de contato com os países de origem dos barcos afundados, mas apenas a Espanha nos dá apoio técnico. Tentamos também contato com a National Geographic Society, que nos alugaria robôs preparados para pesquisa em altas profundidades, pela bagatela de 40 mil dólares por dia... (risos)... O apoio financeiro que recebemos até agora vem de recursos próprios e também em parte da Fapesc e da Celesc. Estamos negociando um patrocínio da Sadia, para exclusiva produção de um documentário.

BF: Esse tipo de projeto envolve bastante responsabilidade, por envolver um assunto tão delicado como a pesquisa histórica e arqueológica. Qual é a relação do projeto com a guarda deste local?

GC: Além de estarmos dentro a área do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, também devemos dar satisfação mensalmente a um fiscal da Marinha, e se por acaso algum dos achados desaparecer, nós responderemos legalmente. Como guardiões legais de um raio de 200 metros ao redor do naufrágio, podemos abordar qualquer embarcação que invadir esse espaço, sendo que já achamos provas de 3 naufrágios diferentes ali.

BF: Existem outros naufrágios na região de Santa Catarina?

GC: O Projeto de Arqueologia Subaquática, na praia dos Ingleses, é similar ao nosso, apesar de já estar mais avançado, inclusive eles tem até um museu onde expõe as diversas peças já achadas. Também é interessante o caso do submarino alemão da marinha alemã da II Guerra Mundial, o U-Boat 513, numa profundidade aproximada de 60 ou 70 metros. Já existe tecnologia para esse tipo de busca, mas o movimento das correntes de água fria e escura, vinda das Malvinas a partir dos 40 metros de profundidade, reduz quase que totalmente a visibilidade.

BF: Qual é o processo usado para a conservação das peças retiradas do mar contra a ferrugem?

GC: As peças ficam em piscinas de água salgada, que aos poucos vai sendo trocada por água doce. Depois disso são colocadas em fornos. A boa conservação das peças poderá ser convertida em mais verbas para o projeto através de leilões e vendas para museus. 40% destas verbas ficam para o projeto.
Imagens:
1 Astrolábio - Acervo do Projeto de Arqueologia Subaquática (Márcio Reis - Praia dos Ingleses, Florianópolis/SC)
2 Tinteiro - Acervo do Projeto de Arqueologia Subaquática (Márcio Reis - Praia dos Ingleses, Florianópolis/SC)
3 Âncora antiga encontrada por mergulhadores no norte da ilha (Bruno Farias - Ponta das Canas, Florianópolis/SC)
4 Sino - Acervo do Projeto de Arqueologia Subaquática (Márcio Reis - Praia dos Ingleses, Florianópolis/SC)
5 Ânfora - Acervo do Projeto de Arqueologia Subaquática (Márcio Reis - Praia dos Ingleses, Florianópolis/SC)
6 Mais uma das três âncoras encontradas por mergulhadores no norte da ilha (Bruno Farias - Ponta das Canas, Florianópolis/SC)






Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog. Abordou assuntos bem interessantes, que me ajudaram na minha leitura noturna que gosto de fazer antes de deitar. Sinto-me atraido por assuntos da minha região. Ainda mais se tratando de algo tão importante a estudarmos.

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